segunda-feira, 18 de agosto de 2008

A acção dos ácidos gordos ómega 3

Inúmeros estudos experimentais, "in vitro" e clínicos têm sido desenvolvidos nas duas últimas décadas com o objectivo de avaliar os efeitos do consumo de alimentos ou cápsulas ricos em ácidos gordos ómega 3 na artrite reumatóide (2,3).

Os ácidos gordos ómega 3 fazem parte da família dos ácidos gordos polinsaturados que apresentam a 1ª dupla ligação a partir do terceiro carbono da cauda da molécula. Nos últimos anos, estudos comprovaram a importância desses ácidos gordos para a saúde das pessoas, principalmente do ácido eicosapentaenóico (EPA) e do docosahexaenóico (DHA) encontrados em peixes e respectivos óleos e do a-linolénico encontrado em certas sementes e óleos vegetais. De acordo com as pesquisas, esses ácidos gordos actuariam directamente no desenvolvimento do cérebro e da retina; durante a gravidez, no desenvolvimento neurológico fetal; na redução do risco de doenças cardíacas, hipertensão e trombose e na resposta anti-inflamatória e auto-imune.

Vários estudos têm demonstrado que a composição de ácidos gordos das células inflamatórias e imunes é sensível às mudanças de acordo com a composição de ácido gordo da dieta. Em particular, a proporção de diferentes tipos de ácidos gordos polinsaturados (PUFA) dessas células é prontamente alterada, o que nos leva a acreditar numa ligação entre o consumo de PUFA, inflamação e imunidade.

O ácido araquidónico, um ácido gordo polinsaturado n-6, é precursor de prostaglandinas, leucotrienos e compostos relacionados que desempenham um importante papel no processo inflamatório e na regulação da imunidade. A síntese de eicosanóides através do ácido araquidónico e de citoquinas, pode causar uma destruição progressiva da cartilagem e do osso. A alimentação com ácidos gordos ómega 3, principalmente com EPA, resulta em substituição parcial do ácido araquidónico nas membranas das células, além de funcionar como um substrato para a ciclooxigenase e a lipooxigenase, dando origem a mediadores que frequentemente apresentam funções biológicas diferentes daquelas formadas pelo ácido araquidónico, diminuindo a produção de eicosanóides e a produção de citoquinas pró-inflamatórias, e, reduzindo espécies de oxigénio reactivo e a reactividade dos linfócitos T.

Investigaram a eficácia de uma dieta rica em ómega 3 em elevar as concentrações do ácido eicosapentaenóico nos tecidos e em suprimir a produção de mediadores inflamatórios em 15 homens voluntários. Os indivíduos se alimentaram por 4 semanas com uma dieta rica em ácido a-linolénico (óleo de linhaça utilizado como óleo de cocção, margarina, molho de salada e maionese) e EPA e DHA (óleo de peixe utilizado em petiscos e salsicha), além de alimentos naturalmente ricos nesses ácidos gordos, como as sementes de linhaça e peixes como salmão e sardinha. Os resultados finais do estudo mostraram que o consumo de EPA e DHA atingiu 1,8g/dia e o consumo de ácido a-linolénico foi de 9,0g/dia. Esses consumos levaram a um aumento de 3 vezes de EPA no plasma, plaqueta e nos fosfolipídios celulares mononucleares. A síntese de tromboxane B2, prostaglandina E2 e interleucina 1b decresceu em 36%, 26% e 20%.

Estudos clínicos têm mostrado também uma redução significativa da dor em pacientes com artrite reumatóide tratados com vitamina E. Essa vitamina também teria um efeito positivo sobre as doenças auto-imunes por reduzir mediadores pró-inflamatórios. Portanto, uma combinação dos ómega 3 com a vitamina E parece ser importante.

É sempre bom lembrar também que ácidos gordos polinsaturados como os omega 3 são susceptíveis à oxidação, devido a presença de moléculas altamente reactivas (radicais livres). Por isso, em dietas ricas em ómega 3 é importante evitar a oxidação através da ingestão adequada de nutrientes antioxidantes como a vitamina E. Relatos antigos (8,9) já citavam a importância da suplementação ou adição de vitamina E em produtos enriquecidos com ácidos gordos ómega 3.

A inclusão dos ómega 3 na terapêutica da artrite reumatóide

Com base em todas as informações aqui apresentadas, fica claro que a dieta por ser o único factor determinante de saúde que está sob nosso controle deve ser considerada no tratamento de indivíduos que sofrem de doenças auto-imunes. Sendo assim, considerando que os benefícios dos ácidos gordos ómega 3 na artrite reumatóide têm sido bem documentados e que países como Canadá, Reino Unido, Dinamarca, Austrália e Japão recomendam o aumento do consumo desses ácidos gordos na alimentação, estabelecendo RDAs que podem chegar em média a 2g/dia.

Fonte: http://www.sanavita.com.br/padrao.aspx?artigo.aspx?idContent=205&idContentSection=186

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