quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A artrite reumatóide e a obesidade

Novo estudo apresenta dados alarmantes sobre mulheres portadoras de artrite reumatóide e a obesidade

Os pesquisadores de Johns Hopkins University School of Medicine, em Baltimore, Marylande, divulgaram em julho os resultados de uma pesquisa sobre artrite reumatóide. Os dados apontam que mulheres com artrite reumatóide têm maior probabilidade de ter uma distribuição anormal de gordura corporal, especialmente aquelas de peso normal e IMC (Índice de Massa Corporal), em comparação a homens com artrite e mulheres sem artrite.

Segundo o Dr. Jon T. Gilles, um dos responsáveis pela pesquisa, foi estudada a composição corporal de 189 homens e mulheres com artrite reumatóide e 189 controle pareados para idade e sexo. Os testes mostraram que portadoras de artrite reumatóide, provavelmente, terão mais chances de perder massa muscular adbominal do que os homens estudados. Esse aumento de gordura corporal combinado com diminuição de massa muscular é chamado de sarcopenia da obesidade.

Mas, a informação que chama atenção nessa pesquisa é sobre os pacientes que não receberam correctamente o tratamento para artrite reumatóide com as drogas modificadoras do curso da doença, possuem mais deformidades e altos índices de inflamação, desenvolverão uma distribuição anormal de gordura corporal, ou seja, ficarão mais gordos. Esse dado é alarmante porque actualmente existem novos métodos para diagnosticar precocemente a doença.

Além dos exames, também estão disponíveis no mercado, novas opções para o tratamento medicamentoso que actuam directamente nas substâncias que causam a inflamação, bem como nas células que produzem estas substâncias.

Actualmente, os pacientes com artrite reumatóide, que não respondem a outras terapias convencionais, contam com a Terapia Biológica que auxilia no combate a doença prevenindo a evolução e destruição articular.

Essas drogas agem biologicamente nos mediadores inflamatórios, particularmente no TNF-alfa. É o caso do Rituximabe (MabThare®), eficaz tanto na diminuição dos sintomas da doença quanto no controle do aparecimento de novos desgastes articulares.

O Abatacept (Orencia®), uma droga que bloqueia a acção do linfócito T aprovado pelo FDA. Reduz os sinais e os sintomas da artrite, induzindo a resposta clínica principal, retardando a progressão dos danos estruturais, e melhorando a função física nos pacientes do adulto.

Outra novidade é o Tocilizumabe (Actemra) é o primeiro de uma nova classe de medicamentos que inibe a acção da interleucina 6 (IL-6), uma substância produzida em excesso pelos pacientes com artrite reumatóide. A produção anormal da IL-6 é nesses pacientes é uma das responsáveis pela inflamação crónica e destruição progressiva das articulações. Segundo a pesquisa apresentada durante o Eular 2007, os três fármacos diminuem os sintomas da AR e melhoram as funções físicas e a condição de saúde do paciente, ao mesmo tempo em que retardam a progressão dos danos nas articulações.

O Tocilizumabe já foi submetido para aprovação também nos EUA e no Brasil, onde o seu lançamento está previsto para 2009. O Japão foi o primeiro país a aprovar o uso do medicamento tolicizumabe para tratamento da artrite reumatóide (em abril de 2008).

“É importante consciencializar a população para que procure sempre um médico aos primeiros sintomas da doença, antes de recorrer à qualquer tipo de auto-medicação. O diagnóstico precoce torna o tratamento medicamentoso mais eficiente, especialmente em relação aos fármacos que modificam o curso da artrite reumatóide”, afirmam Dra. Evelin e Dr. José Goldenberg.

Fonte: www.clinicagoldenberg.com.br

A gravidez na Artrite Reumatóide

As doenças reumáticas, principalmente as doenças inflamatórias crónicas do tecido conjuntivo, caracterizam-se pelo predomínio do sexo feminino e início em idade jovem. A Artrite Idiopática Juvenil é um exemplo destas doenças, mas outras também se podem iniciar numa idade fértil, tais como o Lúpus Eritematoso Sistémico, a Artrite Reumatóide, a Esclerodermia e a Dermatomiosite.

Estas jovens mulheres, por vezes exprimem a sua preocupação em relação a três aspectos: a fertilidade, a influência da gravidez na sua doença e a influência da doença e o tratamento na evolução da gravidez e no feto. Estes aspectos são, em seguida, discutidos de forma sucinta.


Fertilidade

As várias doenças reumáticas não afectam a fertilidade das jovens portadoras. Nos EUA, realizou-se um estudo em que os autores verificaram que 1/3 das mulheres com Artrite Idiopática Juvenil têm filhos por volta dos 20 anos, idade sobreponível à observada na população em geral.

Alguns fármacos utilizados no controle da doença podem interferir com a fertilidade. O principal exemplo é a ciclofosfamida. A insuficiência ovárica precoce tem sido descrita em 27 a 41 % das mulheres submetidas a este tratamento. Os factores de risco são a idade de início do tratamento, a dose cumulativa e o grau de supressão medular. A sulfassalazina pode provocar oligospermia no jovem submetido a este tratamento, mas é reversível logo após a sua interrupção.

Muitos dos aspectos reprodutivos estão dependentes da acção de prostaglandinas. O uso de anti-inflamatórios não esteróides no modelo animal induz infertilidade. Na literatura médica há alguns casos descritos de distúrbios da fertilidade relacionados com o uso de piroxicam, naproxeno e diclofenac. Estes desaparecem com a descontinuação do anti-inflamatório não esteróide. O uso de inibidores da COX-2 determina igualmente infertilidade, a qual é reversível após a sua suspensão.


Influência da gravidez na doença

A exacerbação da doença durante a gravidez é uma questão difícil de responder. Isto porque cada doente é um doente e cada doença tem o seu comportamento típico.

Antes de falar do comportamento da doença reumática durante a gravidez é importante relembrar que a gravidez induz alterações no corpo da mulher as quais permitem o desenvolvimento de um novo ser vivo, sem que ocorra um fenómeno de rejeição. Estas alterações são múltiplas, incluindo hormonais e imunitárias.

Cerca de 70% das mulheres com Artrite Reumatóide referem melhoria da artrite durante a gravidez. Esta se inicia durante o 1º trimestre e mantém-se durante toda a gravidez. Há por vezes remissão completa dos sintomas. Todavia a evolução pode ser flutuante e por vezes há necessidade de usar analgésico para alivio sintomático. Em mais de metade dos casos há recidiva no período pós-parto, nas oito semanas seguintes. Esta recidiva não é influenciada pela amamentação. Embora o grau de inflamação possa ser mais grave, comparativamente ao existente antes da gravidez, na maioria dos casos o quadro clínico é idêntico ao anterior. A doença tem um comportamento idêntico, em próximas gestações.


Influência da doença na gravidez

Durante a gravidez podem surgir complicações maternas, tais como: hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia, s. Hellp. Na mulher com doença reumática

Na Artrite Reumatóide, na Artrite Idiopática Juvenil, nas Espondilartropatias, a evolução da gravidez é favorável, não havendo maior risco de complicações maternas comparativamente à população em geral. O compromisso grave das articulações coxo-femurais ou a existência de prótese articular poderá inviabilizar o parto por via vaginal, sendo necessário realizar uma cesariana.

Nestas jovens, principalmente na Artrite Idiopática Juvenil de início poliarticular ou sistémico e na Artrite Reumatóide, o compromisso da coluna cervical pode dificultar a realização de entubação oro-traqueal, no contexto de uma anestesia geral. Mas, todos estes problemas devem ser equacionados previamente à concepção, para se escolherem as melhores abordagem terapêuticas. Actualmente, muitas das cesarianas efectuam-se sob anestesia epidural, não havendo necessidade de recorrer à anestesia geral.


Influência da doença na gravidez - evolução fetal

Durante a gravidez podem surgir complicações fetais: aborto espontâneo, aborto tardio, nado-morto, atraso crescimento intra-uterino, prematuridade, malformações fetais e Lupus Neonatal.

Alguns estudos sugerem um aumento ligeiro da frequência de perdas fetais (aborto espontâneo, aborto tardio, nado-morto) na Artrite Reumatóide e na Artrite Idiopática Juvenil. No entanto, esta conclusão não é consensual. Deste modo, vários autores concluem que estas doenças não determinam complicações fetais.


Fármacos e a gravidez

Durante muitas das gestações de mulheres com doenças reumáticas há necessidade de usar fármacos para controlo da doença. É óbvio que por vezes surjam dúvidas em relação à sua continuação durante a gravidez, pelos eventuais riscos fetais.

Os anti-inflamatórios não esteróides (AINE’s) são os fármacos mais usados na prática clínica do reumatologista. Em experimentação animal está descrito um possível efeito teratogénico, que não tem sido referido na prática clínica. O seu uso não é isento de riscos, devido à sua acção na inibição da síntese das prostaglandinas, o qual pode determinar o encerramento precoce do canal arterioso, com persistência da circulação fetal, o prolongamento do tempo de gestação e do trabalho de parto. Há ainda o risco de hemorragia fetal e materna pela sua acção na função plaquetária. Deste modo, o seu uso deverá ser interrompido no último trimestre.

Os corticosteróides usados desde hà muitos anos, não se acompanham de malformações fetais. No entanto, está descrita a ocorrência de fenda palatina e lábio leporino no modelo animal. Na prática clínica não tem sido descrito quadros anómalos. O corticosteróide mais utilizado é a prednisolona. Este esteróide é metabolizado pela 11β dehidrogenase placentária no seu metabolito inactivo, não passando a barreira utero-placentária. Quando se pretende usar um corticosteróide que atravesse a barreira utero-placentária a escolha recai na dexametasona. O lupus neonatal com compromisso cardíaco é um exemplo desta situação. À autores que preconizam a monitorização da função da supra-renal e a exclusão de infecção em todo o recém-nascido cuja mãe esteve sob corticoterapia durante a gravidez. Na maioria das situações reumatológicas esta atitude é desnecessária, pois as doses efectuadas são de 5 a 10 mg por dia e sob esta dose não há aumento da incidência destas complicações na criança. Durante a gravidez a artrite pode ser controlada com corticosteróides administrados por via intra-articular.

Em experimentação animal o uso de sais de ouro associou-se a malformações do sistema nervoso central. Os estudos retrospectivos publicados não demonstram um aumento da incidência de malformações fetais. No entanto o seu uso deverá ser evitado porque atravessa a placenta.

A sulfassalazina atravessa a placenta, mas não parece determinar um aumento da incidência de anomalias fetais, pelo que o seu uso durante a gravidez pode ocorrer. No entanto, a melhoria clinica observada durante a gravidez nas mulheres com Artrite Reumatóide e Artrite Idiopática Juvenil pode permitir a sua suspensão.

Os imunossupressores estão contra-indicados durante a gravidez, nomeadamente a ciclofosfamida, o clorambucil, o metotrexato, a leflunomida, a D-penicilamina e a ciclosporina. O metotrexato é teratogénico e deve ser interrompido 3 a 6 meses antes da concepção. Durante este período a jovem mulher deve fazer um suplemento de ácido fólico para prevenir os defeitos do tubo neural. A azatioprina é um imunossupressor usado há muitos anos em algumas doenças reumáticas e que deve ser evitado. Este medicamento interfere na síntese das purinas e o seu uso pode associar-se com malformações congénitas, cromossómicas e distúrbios imunitários graves. Todavia, os estudos que analisaram o seu uso durante a gravidez não demonstram um aumento da incidência de malformações congénitas. Nestes estudos não foi avaliada a sua possível acção no sistema reprodutivo e no aumento da incidência de neoplasias.


Amamentação e doenças reumáticas

Os fármacos usados no tratamento das doenças reumáticas são excretados para o leite materno e daí alguns cuidados devam ser tomados para evitar a exposição do recém-nascido a estes medicamentos. Os medicamentos passam para o leite materno por difusão passiva, mas vários factores interferem neste processo: concentração sanguínea, solubilidade lípidica, grau de ionização e ligação às proteínas do leite.

Na escolha do AINE’s devemos ter em atenção a sua semi-vida e optar por aquele com um semi-vida mais curta, por exemplo o ibuprofeno. O diclofenac tem uma semi-vida curta mas o seu metabolito activo tem uma semi-vida longa. O AINE’s deve ser tomado no início da amamentação, assumindo que cada mamada tem uma duração de 20 minutos e que a próxima mamada será ao fim de 4 horas. Deste modo a criança fica exposta a uma dose mínima do fármaco.

O uso de corticosteróides é permitido desde que se escolha a prednisona, numa dose de 5 a 10 mg por dia. Doses superiores devem ser evitadas, pois a criança vai ter as complicações inerentes a esta terapêutica.

A sulfassalazina deve ser usada com precaução, apesar de excretada em pequena concentração. A sua ligação às proteínas poderá interferir com o metabolismo da bilirrubina. O seu metabolito, a sulfapiridina, é excretado no leite materno numa elevada concentração, mas ao contrário da sulfassalazina não interfere na ligação da bilirrubina às proteínas.
Os sais de ouro administrados por via intramuscular apesar de serem excretados no leite materno, cerca de 20% da dose, não são absorvidos pela criança. Mas têm sido descritos complicações na criança, daí devam ser evitados.

A D-penicilamina está contra-indicada. O metotrexato é detectado em pequenas quantidades no leite materno, mas não está indicado o seu uso durante a amamentação pelo risco de se desenvolver na criança várias complicações: imunossupressão, mielossupressão, distúrbios do crescimento e neoplasias. A mesma atitude se recomenda em relação à azatioprina.


Conclusão

A monitorização e vigilância periódica das grávidas com doença reumática, com intervenção atempada contribui para uma melhor evolução fetal e materna que se tem assistido nos últimos anos.

A gravidez nestas mulheres não deve ser desencorajada. Todavia a concepção deve ocorrer durante um período de remissão clínica.

Os recém-nascidos são tão saudáveis como as outras crianças, com a mesma idade gestacional e peso, não estando descrita uma maior percentagem de anomalias congénitas.

É importante não esquecer que uma criança requer muitos cuidados os quais podem aumentar o cansaço e a dor articular subjacente à doença reumática.
Uns períodos de repouso adicional e a ajuda de terceiros ajudam a ultrapassar este obstáculo.

Autora: Drª Maria Manuela Costa - reumatologista
Para ver o artigo completo clique aqui.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A minha experiência

Quero aproveitar este blog, não só para publicar informação que vou recolhendo sobre a artrite reumatóide mas também a minha experiência pessoal como doente de artrite.

Esta doença começou a dar os primeiros sinais há cerca de 2 anos, mas só há cerca de 1 mês as análises ao factor reumatóide foram positivas. O que significa que a doença leva tempo a evoluir.

Os membros que mais me afecta são as mãos e os joelhos. Para combater as dores estou, neste momento, a tomar um anti-inflamatório - Rantundil - e cortisona quando o anti-inflamatório não chega. Consoante novas análises que irei realizar em Novembro, o reumatologista irá alterar a minha medicação para um fármaco que trate a doença e não apenas as dores.

Além dos medicamentos, estou a fazer uma dieta especifica e uma suplementação de vitaminas. Posso afirmar que se não seguisse esta dieta e não fizesse a suplementação, a minha condição física seria bastante pior, até porque já testei.

As pessoas que têm doenças inflamatórias, que é o caso da artrite, normalmente são alérgicas a alguns alimentos. No meu caso, a lactose tem um efeito inflamatório sobre o meu corpo, por isso tudo o que seja derivado de lacticínios está fora da minha dieta. Os hidratos de carbono simples (pão branco, arroz branco, etc) também não são muito benéficos e por isso, evito-os, assim como as gorduras saturadas.

Consumo bastante proteína como carne, peixe e ovos e também legumes, fruta e hidratos de carbono complexos, ou seja, arroz, massa e pão integral.

Como substituto do leite, tomo leite de soja, mas tenham atenção quando compram este leite. Verifiquem se o fabricante lhe adicionou cálcio, uma vez que este leite não tem esta vitamina.

Quanto à suplementação, estou a tomar ómega 3 (1440mg de EPA e 960mh de EPA por dia) e um suplemento recente que está a fazer furor lá fora, que se chama SAM-E e propõe-se a tratar a artrite e depressão tão bem quanto os fármacos químicos. Aliás em alguns países europeus, como a Alemanha e a Espanha, este suplemento já é vendido nas farmácias e receitado pelos médicos. Em Portugal, neste aspecto, ainda estamos muito atrasados.
O único contra deste suplemento é o preço, mas tenho esperança que daqui as uns anos este suplemento seja valorizado como nos outros países europeus e seja comparticipado pelo estado.

Podem encontrar estes suplementos numa loja online que tem melhores preços que as lojas físicas: www.prozis.com.

Em relação ao exercício físico, já fiz ginásio mas tive de deixar. Agora fico pelas caminhadas diárias, mas a natação e o yoga também são boas alternativas, afinal o que importa é mexer-se porque as consequências de não o fazer podem ser graves, principalmente em doentes com artrite.

Aproveito mais uma vez para Vos convidar a partilhar a Vossa experiência.

Espero ter ajudado de alguma forma.

Medicamentos para artrite reumatóide perigosos

A agência norte-americana dos medicamentos e dos produtos alimentares (FDA) alertou esta quinta-feira para os riscos dos efeitos secundários graves apresentados por quatro medicamentos para o tratamento da artrite reumatóide, noticia a Lusa.

Os medicamentos Humira, Cimzia, Enbrel e Remicade apresentam perigo para os doentes que podem contrair infecções pulmonares, indicou em comunicado a FDA. A Agência Lusa contactou a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) para saber se os quatros medicamentos estão à venda em Portugal, que remeteu informações para sexta-feira.

Segundo a agência norte-americana, dos 240 casos de infecções chamados histoplasmoses assinalados pela FDA, pelo menos 12 pacientes morreram. «Nos termos da nova autoridade da FDA, requeremos uma modificação das notas de advertência e uma avaliação dos riscos», afirmou Bob Rappaport, um dos responsáveis pela agência.

Tal medida permitiria que os médicos se tornassem mais vigilantes, sendo «necessário assegurar que os benefícios dos medicamentos ultrapassam os riscos», acrescentou.

A FDA aconselha os doentes que tomam estes medicamentos e que tenham tosse, febres persistentes e falta de ar para contactarem os seus médicos. Além da artrite reumatóide, os quatro medicamentos são também prescritos para tratar a doença de crohn e certos psoriasis (dermatose crónica da pele).

Os fabricantes destes medicamentos são o belga UCB Pharma (Cimzia) e os americanos, Habbott (Humira), Amgen (Enbrel) e Centocor (Remicade).

Fonte: http://diario.iol.pt/internacional/infarmed-artrite-reumatoide--ultimas-noticias-iol-medicamentos/987964-4073.html

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

A acção dos ácidos gordos ómega 3

Inúmeros estudos experimentais, "in vitro" e clínicos têm sido desenvolvidos nas duas últimas décadas com o objectivo de avaliar os efeitos do consumo de alimentos ou cápsulas ricos em ácidos gordos ómega 3 na artrite reumatóide (2,3).

Os ácidos gordos ómega 3 fazem parte da família dos ácidos gordos polinsaturados que apresentam a 1ª dupla ligação a partir do terceiro carbono da cauda da molécula. Nos últimos anos, estudos comprovaram a importância desses ácidos gordos para a saúde das pessoas, principalmente do ácido eicosapentaenóico (EPA) e do docosahexaenóico (DHA) encontrados em peixes e respectivos óleos e do a-linolénico encontrado em certas sementes e óleos vegetais. De acordo com as pesquisas, esses ácidos gordos actuariam directamente no desenvolvimento do cérebro e da retina; durante a gravidez, no desenvolvimento neurológico fetal; na redução do risco de doenças cardíacas, hipertensão e trombose e na resposta anti-inflamatória e auto-imune.

Vários estudos têm demonstrado que a composição de ácidos gordos das células inflamatórias e imunes é sensível às mudanças de acordo com a composição de ácido gordo da dieta. Em particular, a proporção de diferentes tipos de ácidos gordos polinsaturados (PUFA) dessas células é prontamente alterada, o que nos leva a acreditar numa ligação entre o consumo de PUFA, inflamação e imunidade.

O ácido araquidónico, um ácido gordo polinsaturado n-6, é precursor de prostaglandinas, leucotrienos e compostos relacionados que desempenham um importante papel no processo inflamatório e na regulação da imunidade. A síntese de eicosanóides através do ácido araquidónico e de citoquinas, pode causar uma destruição progressiva da cartilagem e do osso. A alimentação com ácidos gordos ómega 3, principalmente com EPA, resulta em substituição parcial do ácido araquidónico nas membranas das células, além de funcionar como um substrato para a ciclooxigenase e a lipooxigenase, dando origem a mediadores que frequentemente apresentam funções biológicas diferentes daquelas formadas pelo ácido araquidónico, diminuindo a produção de eicosanóides e a produção de citoquinas pró-inflamatórias, e, reduzindo espécies de oxigénio reactivo e a reactividade dos linfócitos T.

Investigaram a eficácia de uma dieta rica em ómega 3 em elevar as concentrações do ácido eicosapentaenóico nos tecidos e em suprimir a produção de mediadores inflamatórios em 15 homens voluntários. Os indivíduos se alimentaram por 4 semanas com uma dieta rica em ácido a-linolénico (óleo de linhaça utilizado como óleo de cocção, margarina, molho de salada e maionese) e EPA e DHA (óleo de peixe utilizado em petiscos e salsicha), além de alimentos naturalmente ricos nesses ácidos gordos, como as sementes de linhaça e peixes como salmão e sardinha. Os resultados finais do estudo mostraram que o consumo de EPA e DHA atingiu 1,8g/dia e o consumo de ácido a-linolénico foi de 9,0g/dia. Esses consumos levaram a um aumento de 3 vezes de EPA no plasma, plaqueta e nos fosfolipídios celulares mononucleares. A síntese de tromboxane B2, prostaglandina E2 e interleucina 1b decresceu em 36%, 26% e 20%.

Estudos clínicos têm mostrado também uma redução significativa da dor em pacientes com artrite reumatóide tratados com vitamina E. Essa vitamina também teria um efeito positivo sobre as doenças auto-imunes por reduzir mediadores pró-inflamatórios. Portanto, uma combinação dos ómega 3 com a vitamina E parece ser importante.

É sempre bom lembrar também que ácidos gordos polinsaturados como os omega 3 são susceptíveis à oxidação, devido a presença de moléculas altamente reactivas (radicais livres). Por isso, em dietas ricas em ómega 3 é importante evitar a oxidação através da ingestão adequada de nutrientes antioxidantes como a vitamina E. Relatos antigos (8,9) já citavam a importância da suplementação ou adição de vitamina E em produtos enriquecidos com ácidos gordos ómega 3.

A inclusão dos ómega 3 na terapêutica da artrite reumatóide

Com base em todas as informações aqui apresentadas, fica claro que a dieta por ser o único factor determinante de saúde que está sob nosso controle deve ser considerada no tratamento de indivíduos que sofrem de doenças auto-imunes. Sendo assim, considerando que os benefícios dos ácidos gordos ómega 3 na artrite reumatóide têm sido bem documentados e que países como Canadá, Reino Unido, Dinamarca, Austrália e Japão recomendam o aumento do consumo desses ácidos gordos na alimentação, estabelecendo RDAs que podem chegar em média a 2g/dia.

Fonte: http://www.sanavita.com.br/padrao.aspx?artigo.aspx?idContent=205&idContentSection=186

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Números da AR em Portugal

- A prevalência é de 0,2% a 0,5% da população;
- Não existe um número preciso de doentes: estima-se que se situe entre os 40 e os 100 mil;
- Afecta três vezes mais as mulheres do que os homens;
- O seu pico de incidência situa-se entre os 40 e os 55 anos;
- Metade dos doentes diagnosticados deixa de trabalhar ao fim de 10 anos;
- 72% estão incapacitados para trabalhar em apenas cinco anos;
- As doenças reumáticas são responsáveis por 16 a 23% das consultas de clínica geral, motivam 35 a 41% das reformas antecipadas por doença e são a principal causa de incapacidade temporária (Plano Nacional Contra as Doenças Reumáticas);
- Pensa-se que os custos directos da AR ascendam a 6675€ por doente/ano, num total de 333 milhões de euros/ano (Estud o CESAR – Custo Económico e Social da Artrite Reumatóide);
- O Dia Nacional do Doente com Artrite Reumatóide foi instituído, em 1999, devido ao impacto que a doença tem no bem-estar do indivíduo.

Fonte: Revista Performance

PACE – Pessoas com Artrite Podem Exercitar-se

PACE: o movimento faz saúde
Na piscina do Lar Militar da Cruz Vermelha Portuguesa do Lumiar, duas vezes por semana, levam-se à letra os estudos e põe-se em prática a teoria. O PACE – People with Arthritis Can Exercice é um programa de exercício que tem em conta a dor, a fadiga, a menor força e amplitude de movimentos que caracterizam os doentes com AR. “Dentro de água, este doentes têm uma mobilidade acrescida, realizando movimentos que fora dela não conseguem executar. E ainda existe o factor psicológico: a aula permite-lhes fugir ao isolamento e sentir que há mais pessoas a sofrer a mesma dor”.

Rita Gomes da Costa, mestrada em Actividade Motora Adaptada pela Universidade de Indiana (EUA) é a Coordenadora do Programa de Actividade Aquáticas Adaptadas e dá aulas a cerca de 35 pessoas com artrite, “jovens e menos jovens”. Adaptou o PACE dos Estados Unidos, onde o programa é subsidiado pelo estado, depois de ter constatado, durante dois anos a dar aulas em piscinas americanas, os benefícios do exercício em doentes com AR. Queixa-se da falta de infra-estruturas em Portugal – as piscinas para este tipo de doentes devem ter água a 34º e condições adaptadas a doentes com dificuldades de mobilidade - e recorda que, ao contrário da recomendação da maioria dos médicos, nem toda a hidroginástica é recomendada para doentes reumáticos. Saltos, corridas e exercícios com carga não são permitidos nestas aulas.

Características:
- Mobilização não-simultânea de todas as articulações
- Aulas de pequenos grupos (6 a 7 pessoas)
- Água a 34º
- Corrimão ao longo da piscina para auxiliar mobilização
- Piscina sem desníveis
- Exercícios sem cargas, saltos ou corrida

Objectivos:
- Aumento da condição física
- Redução da dor
- Maior autonomia funcional
- Efeitos psicológicos (bem-estar, menos isolamento, combate à depressão)

Contra-indicações:
- Antecedentes cardíacos
- Artrite psoriática (intolerância ao cloro)

Fonte: Revista Performance

Biológicos: as novas terapias

A factura da artrite reumatóide continua, ainda assim, demasiado pesada para alguns bolsos. Em resposta às petições da ANDAR (Associação Nacional dos Doentes com Artrite Reumatóide), a AR consta já de uma lista de doenças comparticipadas, a par de outras doenças crónicas que “obriguem a consultas, exames e tratamentos frequentes e sejam potencial causa de invalidez precoce ou de significativa redução de esperança de vida”. O que garante que os meios de diagnóstico e os fármacos usados numa fase menos agressiva da doença (anti-inflamatórios, cortisona, sais de ouro e metotrexato, entre outros) sejam mais baratos, mas não chega para cumprir a pretensão do Plano Nacional Contra as Doenças Reumáticas, no que diz respeito à gratuitidade dos medicamentos para o tratamento da doença, quando receitados por um reumatologista.

Às tradicionais recomendações para o tratamento da AR, as novidades chamam-se terapias biológicas e chegam dos Estados Unidos. Vários estudos laboratoriais demonstraram que estas substâncias inibem a produção da citoquina TNF, responsável pela inflamação. Ao capturar o TNF (Factor de Necrose Tumoral) em excesso, os medicamentos biológicos tornam a citoquina inactiva, permitindo uma grande redução ao nível da inflamação e dos sintomas associados à doença. Disponíveis apenas através da farmácia hospitalar, estes novos fármacos têm custos que podem ascender aos 10 mil euros por ano, limitando o acesso a muitos doentes.

Actualmente, cerca de 500 doentes com AR seguem esta terapêutica com um dos quatro medicamentos biológicos disponíveis em Portugal (três administrados por injecção subcutânea e um por infusão endovenosa, aplicada duas vezes por ano). Só no Hospital Garcia de Orta, em Almada, um dos oito hospitais do Serviço Nacional de Saúde que faculta o tratamento e o único Hospital de Dia de Reumatologia, são realizadas 1500 sessões por ano. Os tratamentos assistem cerca de 100 doentes reumáticos por cada milhão de habitantes, em contraste com os 219 por milhão em Espanha e 674 por milhão na Noruega, de acordo com dados da indústria farmacêutica.

Nos Estados Unidos, onde a maior parte dos centros de tratamento que recorrem a estes fármacos são subvencionados, entram em campo novas formas para fazer face à doença. Terapias que passam pelas alterações de estilo de vida e de hábitos nutricionais e que se constituem como alternativas menos dispendiosas. E sem efeitos secundários. Está provado que a falta de exercício físico, por exemplo, duplica o risco de declínio funcional e eventual incapacidade física. O estudo mereceu destaque na edição de Abril de 2005 da Arthritis & Rheumatism e está entre os 10 últimos grandes avanços no combate à doença identificados pela Arthritis Foundation.

Fonte: Revista Performance

Introdução

Diz-se que Renoir terá pintado algumas das suas melhores obras-primas lutando contra a dor, durante as fases mais agudas da doença. Debilitante, crónica e progressiva, a artrite reumatóide deforma a vida dos doentes mas não conduz, necessariamente, à incapacidade física.
Em Portugal, são mais de 40 mil a ter o corpo como seu pior inimigo.

O que é a Artrite Reumatóide?

Apesar de um dos principais objectivos do tratamento da AR ser, de acordo com o American College of Rheumatology, a remissão total, a maioria dos médicos admite que ela não acontece frequentemente. Os mais recentes avanços na área das terapias biológicas respondem já, de uma maneira relativamente eficaz, aos casos mais agressivos, mas a verdade é que a ciência ainda não conseguiu encontrar resposta para a pergunta: o que causa a artrite reumatóide?
Sabe-se que é uma doença crónica; que é progressiva e que deforma as articulações, destruindo cartilagens e tecidos moles circundantes. Numa articulação saudável, o fluido sinovial assegura a lubrificação e a alimentação saudável da cartilagem e do osso. Num doente com artrite reumatóide, os glóbulos brancos acumulam-se junto ao tecido sinovial, produzindo citoquinas (as moléculas mensageiras do sistema imunitário) e estimulando a produção de líquido sinovial em excesso. Resultado: a articulação inflama, incha e torna-se dolorosa. O processo alastra-se pelas articulações de todo o corpo, de forma quase sempre simétrica, afectando membros superiores e inferiores até que as mais simples actividades do dia-a-dia, como vestir-se ou andar, se tornem sacrifícios de pura tortura física.
Pior ainda - para um doente que tem de aprender a lidar com a dor crónica - é a constatação de que a forma caprichosa com que a doença ataca as articulações é fruto de uma desregulação do sistema imunitário. A AR – como a diabetes, o lúpus e a esclerose múltipla - pertence à categoria das doenças auto-imunes, o que significa que é o próprio corpo que detecta uma infecção que não existe e começa a actuar contra si próprio.

Diagnosticar e Divulgar

O problema é que o diagnóstico precoce, que parece ter uma influência positiva sobre a evolução da doença, revela-se complicado. A maior parte dos doentes não associa as inflamações articulares a uma doença auto-imune como a AR ou, mais frequentemente, não a conhece sequer. Divulgar a doença foi exactamente um dos objectivos do Projecto Nacional de Luta contra a Artrite Reumatóide. Quando foi lançado, em 2004, propunha-se fazer chegar à população informação sobre sinais de alerta e contribuir para um diagnóstico precoce, aumentando a consciência social da existência da AR. Se os portugueses seguirem o padrão europeu, é provável que ela seja muito reduzida. Segundo um estudo de 2003 do European Public Opinion Survey, cerca de 78 por cento dos europeus nunca ouviu falar da Artrite Reumatóide, e metade não consultaria um médico, mesmo que sentisse as mãos deformadas durante um mês. Os números justificam outras iniciativas, como a Década do Osso e da Articulação (2000-2010), concebida pela Organização Mundial de Saúde para combater o desconhecimento generalizado sobre este tipo de doenças mas, sobretudo, promover tratamentos de custos acessíveis aos doentes.

Reconhecer a doença/sintomas/diagnóstico precoce:
Se reconhecer 4 destes sintomas, consulte um reumatologista. Os critérios de 1 a 4 deverão estar presentes por um período superior a 6 meses.
1. Rigidez matinal superior a uma hora
2. Artrite de duas ou mais áreas articulares
3. Artrite das articulações das mãos
4. Artrite simétrica
5. Nódulos reumatóides
6. Factor reumatóide
7. Alterações radiológicas

* segundo critérios do American College of Rheumatology

Fonte: Revista Performance